INTRODUÇÃO
Não abordarei os temas escatológicos, pois o novo nascimento é a doutrina básica e pré-requisito para participar do Reino de Deus. O texto mostra o povo judeu envolvido pela noite da ignorância das coisas espirituais e incapazes de entender a mensagem do Evangelho. As exortações contidas no texto nos alcançam hoje.
I. A NECESSIDADE DO NOVO NASCIMENTO
1. O visitante noturno
a) Nicodemos em grego Significa “conquistador do povo”
– um fariseu, “separados” (defendia a rígida observância da Lei)
– era doutor da Lei (Príncipe dos Judeus)
b) Foi a noite talvez para evitar as multidões, para ter atenção especial do Mestre (Rabi)
– em Jerusalém, no templo Cristo se opôs aos cambistas e operou milagres (Jo 2.13-25)
– ficou impressionado com o ministério de Jesus, sentiu interesse em conhecê-lo;
c) Aparece na narrativa do NT em 03 ocasiões:
– na visita a Jesus a noite (Jo 3.1-21)
– protestando na condenação de Cristo (Jo 7.50-52)
– no sepultamento de Cristo (Jo 19.40)
2. Uma alma necessitada (Jo 3.2,3)
a) Ante o anelo da alma de Nicodemos Cristo lança um enigma
– sua instrução ainda estava na esfera do homem natural
– para entrar no Reino é necessário uma transformação espiritual, nascer de novo (de cima)
b) Seu grande desejo (alimento espiritual)
– conhecer Jesus; não importava a hora e as críticas; se humilhou ante Jesus (Os 6.3)
-aprender com Jesus; indagava; colocou-se na condição de discípulo (Mt 11.29)
– identificar Jesus; você conhece Jesus por ouvir falar ou por um encontro pessoal.
II. A NATUREZA DO NOVO NASCIMENTO
1. A sua aparente impossibilidade (Jo 3.4)
a) A sua razão não compreendia o milagre da nova vida
– só tinha uma fé superficial, precisava de uma transformação interior; conhecer a Palavra sem que esta faça efeito na vida de nada adianta (Jr 13.23);
– muitos hoje não entendem o milagre da salvação (2Co 5.17), até crentes antigos;
b) A Pergunta de Nicodemos
– sua ignorância espiritual (v.10); crença arraigada na formação, costumes e hábitos;
– seu desejo de entender “Como pode ser isso?” (v.9)
– outro exemplo Saulo (At 9.17,18); precisam ter um encontro com Deus;
– seu conhecimento material; limitava as coisas da vida natural (v.12; 1Co 2.14)
2. Os meios do novo nascimento (vv. 5.,6)
a) Purificação de todos os pecados
– os judeus acreditavam que só os gentios precisavam de purificação
– Jesus mostra que esta necessidade abrange a todos
b) Purificação por meio da água e do Espírito (Tt 3.5; Ez 36.25-27)
– nascer da água (símbolo da Palavra), que nos lava pela ação do Espírito Santo(2Co 5.17)
– o Espírito Santo implanta em nos a semente da Nova Vida
– nos convence do pecado, da justiça de cristo e do juízo vindouro (Jo 16.8,9);
– vem como resultado da pregação da palavra de Deus (Mt 12.41; Jó 42.5,6).
– opera uma verdadeira reviravolta na vida do homem (2Co 3.14; Ef 4.17; 1Tm 6.10)
c) Novo nascimento sinônimo de regeneração
– significa o ato sobrenatural em que o homem é gerado por Deus (1Jo 5.18), para ser filho de Deus (Jo 1.12) e participante da natureza divina (2Pe 1.4);
– são os nascidos de novo que são inscritos no Livro da Vida, Lc 10.20.
d) Segue a regeneração a conversão
– a conversão compreende dois elementos “arrependimento e fé”
– somente Deus pode ser considerado o Autor da conversão (Sl 85.4; 19.7; Jr 31.18; Lm 5.21; At 11.18; 2Tm 2.25; Rm 3.20; 10.17; 2 Co 5.11; Jo 6.44; Fp 2.13)
e) Arrependimento era o tema da pregação no inicio do cristianismo
– João Batista (Mt 3.2); Jesus; os apóstolos (At 2.38; 17.30).
– é a mudança produzida na vida consciente do pecador, pela qual ele abandona o pecado.
– é uma transformação interior; gera remorso/tristeza, fazendo com que peça perdão a Deus;
– envolve três elementos do arrependimento:
(1) intelectual – mudança de conceito, reconhecimento da culpa pessoal, contaminação e desamparo (Rm 3.29; 1.32);
(2) emocional – mudança de sentimento; tristeza pelo pecado contra um Deus santo e justo (Sl 51.2, 10, 14); remorso e desespero (2Co 7.9, 10; Mt 27.3; Lc 18.23);
(3) volitivo – mudança de propósito; abandono interior do pecado e disposição para a busca do perdão e da purificação (Sl 51.5, 7, 10; Jr 25.5; At 2.38; Rm 2.4).
f) Quem é nascido de novo não sente necessidade de pecar
– cachorro que volta ao vômito (Pv 26.11)
– a caminho da terra prometida (providência divina, maná) querendo voltar ao Egito (escravidão)
– na casa do pai tendo banquete, desejando as bolotas que os porcos comiam (Lc 15);
3. Uma realidade misteriosa (vv. 7,8)
a) Jesus usa a ilustração do vento ante a indagação de Nicodemos
– como a origem do vento é um mistério, assim é a ação do Espírito Santo na regeneração;
– foge a análise científica e a razão humana, mais sua ação é real;
b) De mistério a realidade
– vidas transformadas (Gl 5.22,23; At 2.3; 1Co 12.7)
– o que é nascido de carne é carne, natureza humana gera natureza humana
– e o que é nascido no Espírito é Espírito, natureza divina gera natureza divina
c) Nicodemos transformado
– partilhou do ministério de Cristo: defesa no Sinédrio (Jo 7.50,51), na cruz (Jo 19.39)
– compreendeu os ensinos de Jesus, nova criatura (2Co 5.17)
III. A FONTE DO NOVO NASCIMENTO
1. O próprio Cristo (Jo 3.9-13)
a) Nicodemos expressa o desejo de experimentar o novo nascimento
– Cristo ironiza o fato do professor da Lei não conhecer a realidade da Nova criatura
b) Três coisas eram necessárias
– aceitar a autoridade de Jesus; muitos opinam sobre Jesus sem conhecê-lo realmente;
– desistir de entender a operação pela razão e aceitar por meio da fé
– confiar no milagre da nova vida (1Tm 2.5)
2. O próprio amor de Deus (v. 14-16)
a) Exemplo usado por Cristo – moderdura da serpente no deserto (Nm 21), demonstra:
– o tipo da destruição do pecado e o juízo de Deus 1Co 15.54-57)
– o alvo do remédio, tipificando Cristo na cruz (2Co 5.21)
– a cura era pela fé; bastava olhar; basta você crer;
b) É um ato do amor de Deus (1Co 2.2)
– quem crer será salvo quem não crer será condenado;
– Deus não tem prazer na morte do pecador (Ez 33.11; 2Pe 3.9)
– Deus tira um coração de pedra e coloca um de carne (Ez 11.19)
c) Contrapõe ao pecado da humanidade
– nascimento debaixo da condenação do pecado; incapacidade, sem méritos (Rm 3.23; 5.12)
– a Salvação ocorre por meio da fé e arrependimento ante a graça concedida por Deus;
3. Sua Manifestação
a) Na confissão do pecado
– a Deus (Sl 32.3-5; 38.18; Lc 18.13; 15.21); o pecado é oposição contra Deus;
– ao homem (Tg 5.16; Mt 5.23,24; Lc 19.8,9); deve ser pública, o mal atinge todos;
b) No abandono do pecado
– abandonam e renunciam o que outrora desagradava a Deus em suas vidas (Pv 28.13; Is 55.7; Mt 3.8,10; 1Ts 1.9; At 26.18).
4. Seus Resultados
a) Alegria no céu (Lc 15.7-10; 2Pe 3.9), a corte celestial jubila ante um pecado salvo;
b) Perdão (Is 55.7; Lc 24.47; Mc 1.4; At 2.38; 3.19), nos habilita para a recepção do perdão;
c) Recepção do Espírito Santo (At 2.38; Ef 1.13), visa à outorga do Espírito Santo;
d) Nos leva a participar do Reino de Cristo, dos eventos escatológicos (Jo 14.2,3)
CONCLUSÃO
Pertencer a igreja não é a mesma coisa que pertencer ao Reino de Deus (Mt 7.21-23), religiosidade. Os sinais apontam para a volta de Jesus. Contudo, somente aqueles que são nascidos de novo é que poderão gozar dos benefícios dos eventos escatológicos, os demais sofrerão juízos.