I. INTRODUÇÃO
As Escrituras põe em relevo dois grandes princípios ou qualidades morais antagônicas: a Santidade de Deus (bem) versus o pecado (mal), recebendo dela ampla e adequada atenção.
II. A DOUTRINA DO PECADO – HAMARTIOLOGIA
1. O Pecado
1.1. Definição
a) Pecado é deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em natureza;
b) O pecado é aqui definido em relação a Deus e sua lei moral. Inclui não só atos individuais, como roubar, mentir ou cometer homicídio, mas também atitudes contrárias àquilo que Deus exige de nós.
1.2. Sua Origem
a) De onde veio o pecado? Como ele penetrou no universo?
b) Deus não pecou e não deve ser culpado pelo pecado (Dt 32.4; Gn 18.25; Jó 34.10; Tg 1.13; 1Pe 1.16;1Jo 1.5);
c) Tampouco foi do homem – Criado “à sua imagem; à imagem de Deus o criou” (Gn 1.27,31; Ec 7.29);
d) Quando Adão e Eva foram criados, o mal já existia no universo.
e) A origem do pecado foi Lúcifer, o Diabo (Jo 8.44; 1 Jo 3.8; Ez 28.14; Is 14.13,14)
– rebelou-se contra Deus (Ez 28.15,16; Lc 10.18)
– Desde então, o diabo tornou-se o adversário de Deus (Is 14.13; Mt 12.24)
f) Por que Deus permitiu que Lúcifer caísse?
– possuía o livre arbítrio, coisa que sempre Deus considera
– abusou dessa extrema liberdade, e sofreu as conseqüências, tornando-se opositor de Deus.
g) Assim, o homem pecou, os anjos pecaram, e nos dois casos o fizeram por escolha intencional e voluntária;
1.3. A arma que o inimigo usa é a tentação
a) No Édem (Gn 3.1-24)
b) O verdadeiro amor a Deus se manifesta na obediência à sua palavra (Jo 14.15,23; 15.14);
c) O próprio Filho de Deus foi tentado (Lc 4.1-13; Hb 4.15; 5.8)
2. Seu Significado e Realidade
2.1. Realidade
a) Um fato da revelação (Rm 3.23; 5.12; Gl 3.22; Ec 7.20)
b) Um fato da observação
– manifesto em toda a parte;
– revela-se sutilmente ou de forma hedionda
c) Um fato da experiência humana (Is 6.5; 1Tm 1.15; Js 7.20; Jr 17.1; Lc 5.8; Jó 40.4)
– a consciência testifica inequivocamente da realidade do pecado;
– todos sabem que são pecadores;
– senso de culpa, remorso da consciência, por causa do mal praticado;
– a Escritura declara, a observação descobre e a experiência humana comprova o fato do pecado
2.2. Negativamente considerado
a) Não é um acontecimento fortuito ou devido ao acaso, que não envolva culpa por parte dos pecadores
– não é um acidente (Rm 5.12)
– resultou de um ato de desobediência responsável por parte de Adão
b) Não é mera debilidade da criatura, pela qual o homem não deve ser responsabilizado ou tido por culpado
– não se trata apenas de debilidade ou fraqueza (Jr 17.9)
c) Não é mera ausência do bem, nem falta de retidão positiva
– não é simples negação (Rm 7.14)
– que o mal e a ausência do bem, e que o pecado é a ausência da retidão;
– existem formas de pecados extremamente agressivas e malignas;
– a Bíblia ensina que o pecado e o mal têm existência positiva, e que são ofensa contra Deus;
d) Não é um bem da infância
– não é um passo para trás (1Jo 3.4)
– não é imaturidade, falta de desenvolvimento ou advindo de características primitivas;
2.3. Positivamente Considerado
– brecha ou rompimento de relações entre o pecador e o Deus pessoal;
– manifesta-se de muitos modos;
– Jesus demonstrou o modelo de vida ideal; relatou que a fonte do pecado surge no intento íntimo do homem; “um simples pensar”, avançou o campo da culpa;
a) É o não desobrigar-se dos deveres para com Deus
– estar destituído da glória de Deus (Rm 3.23), incapaz de atingir o padrão divino (Rm 8.3,4)
– omissão do dever (Tg 4.17), a inércia é pecar; saber o que deve ser feito e não agir;
– declínio espiritual (Jr 14.7), quando a alma se distancia de Deus (Is 59.1,2)
b) É a atitude errada para com a Pessoa de Deus
– os desígnios insensatos (Pv 24.9), que desonram e depreciam o Ser de Deus
– a prática do orgulho e da arrogância (Pv 21.4), auto-exaltação;
– murmuração contra Deus (Nm 21.7; Lv 24.15,16; 1Co 10.10,11; Jd 16), expressa insatisfação com a providência divina;
– blasfêmia contra o Espírito Santo (Mc 3.29), significa detração ou calúnia, forma agrava do pecado
c) É a ação errônea em relação à Vontade de Deus
– condescendência duvidosa (Rm 14.19-23; 1Jo 3.18-22), transigência, na dúvida desagrada a Deus;
– rebeldia e obstinação (1Sm 15.23), vontade forte de seguir no erro;
– desobediência (Jr 3.25), desafio aberto e insubordinação contra Deus
– a transgressão da Lei (1Jo 3.4), ultrapassar a linha divisória, transpor as regras bíblicas;
d) É a ação errônea em relação aos homens
– favoritismo (Tg 2.1-4,9), acepção de pessoas em nossas relações;
– toda injustiça (1Jo 5.17), pecar contra nossos semelhantes é o mesmo que pecar contra Deus;
– desprezo ao semelhante (Pv 14.21), desobediência ao mandamento divino e incoerência com a vida sintonizada com Deus;
e) É a tendência natural para o erro (Rm 7.15-17; 8.7;1Jo 1.8; Jr 13.23)
– inclinação para a desobediência e a iniqüidade
– pecar é contrariar a vontade de Deus;
3. Sua Extensão
3.1. Influência na Criação
– o pecado afeta o céu, a terra e seus habitantes
a) Os céus (Ef 6.11,12; Is 14.12-15; Jó 1.6; Zc 3.1; Lc 10.18; Ap 12.7-9)
– o pecado e a queda de Satanás afetaram os céus, infestando as regiões celestes
b) A terra
– o reino vegetal (Gn 3.17,18; Is 55.13), foi amaldiçoado por causa do pecado do homem, porém será redimido na volta de Cristo
– o reino animal (Gn 9.1-3; Is 11.6-9), haverá paz
c) a raça da humanidade (Ec 7.20)
– todos pecaram (Rm 3.10,23; Sl 14.2,3; Is 53.6; 1Jo 1.8-10)
– todos são culpados perante Deus (Rm 3.19; Sl 130.3; 143.2; Gl 3.10)
– os homens são filhos da ira (Ef 2.3; Jo 8.44; 1Jo 3.3-8), por natureza, mais quando somos alcançados por Cristo, passamos a ser filhos de Deus;
– afastados de Deus (Ef 4.18; 1Co 2.14), a ponto de não ser mais objeto de sua afeição;
– corruptos e enganosos quanto à sua natureza (Jr 17.9; Gn 6.5,12; 8.21; Sl 94.11; Rm 1.19-31), relação anormal para consigo e seu semelhante;
– escravizados pelo pecado e mortos no pecado (Rm 6.17; Ef 2.1; Rm 7.5,7,8,14,15,19,23,24), tira a liberdade de viver, transformando em vil escravo, levando a morte (física, espiritual e eterna)
– antagônicos para com Deus e identificados com seu adversário (Rm 8.7,8; Ef 2.2)
– seus corpos debilitados e condenados a morte (2Co 4.7; Rm 8.11), até a obra redentora de Cristo se completar;
– aviltados em seu caráter e conduta (Tt 3.3; Ef 2.3; Cl 3.5-7), recipiente de toda uma natureza depravada;
3.2.
a) Castigo divino do pecado funcione realmente como elemento inibidor;
b) A justiça de Deus o exige, para que ele seja glorificado no universo que criou (Ez 18.4);
c) Ele é o Senhor que pratica “misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor” (Jr 9.24).
III. CONCLUSÃO
Parece que o pecado permeou todo o universo, incluindo cada reino da criação e afetando cada raça e espécie entre as criaturas, com resultados funestos. Contudo:
“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu filho…., para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos”(Gl 4.4s). Essa declaração aponta para a desolação da qual Deus liberta o homem por meio de Cristo.
“A lei veio de lado para que avultasse a transgressão; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20).
excelente estudo sobre o pecado.
abraçõs. paz do Senhor.